Olá, pessoal! Quem me acompanha por aqui sabe que sou uma apaixonada por cinema, e quando um filme não só nos prende à cadeira, mas também nos faz pensar por dias, é porque ele é especial.
Estou a falar, claro, de “Oldboy”! Este clássico sul-coreano, com a sua história de vingança avassaladora e reviravoltas de cortar a respiração, deixou uma marca indelével em todos nós que o vimos.
Lembro-me da primeira vez que assisti, a sensação de espanto era quase palpável! Ultimamente, com a sua recente exibição no Palácio do Grilo, aqui em Lisboa, percebi que a magia de “Oldboy” continua a fascinar e a despertar a curiosidade de muitos, e uma das perguntas que mais me fazem é: “Onde é que filmaram tudo aquilo?”.
É uma pergunta pertinente, afinal, os cenários são quase personagens por si só, não é verdade? Fiquei a pensar nisso e decidi mergulhar fundo para descobrir os segredos por trás das câmaras.
Preparem-se para desvendar os locais que deram vida a esta obra-prima, desde as ruas movimentadas da Coreia do Sul até paisagens surpreendentes que nem imaginam.
Vamos descobrir exatamente onde toda a intensidade de “Oldboy” ganhou forma!
Olá, amantes do cinema e daquelas histórias que nos tiram o fôlego! Eu sei, eu sei, já faz algum tempo que falamos de “Oldboy”, mas a verdade é que, como uma boa garrafa de vinho, este filme só melhora com o tempo e continua a nos assombrar, de um jeito bom, claro!
Lembram-se daquela exibição no Palácio do Grilo? Foi um evento e tanto, e desde então, tenho recebido uma enxurrada de mensagens sobre os locais de filmagem.
É super compreensível! Os cenários de “Oldboy” não são meros planos de fundo; eles são quase personagens vivos que respiram a mesma intensidade e mistério da trama.
Então, como a vossa blogger cinéfila de confiança, mergulhei fundo para desvendar esses segredos. Preparem-se para uma viagem que vai da vibrante Seul às paisagens mais inesperadas, tudo para vos mostrar onde a magia e a angústia de Oh Dae-su ganharam vida!
Os Cantos da Prisão Silenciosa

A Sala de Cativeiro: Onde o Tempo Parou
Ah, a infame sala! Quem de nós não sentiu um arrepio na espinha ao ver aquele quarto de hotel degradado, sem janelas, onde Oh Dae-su passou 15 longos anos?
Eu, pessoalmente, lembro-me de sentir uma claustrofobia que transcendia a tela, quase como se eu mesma estivesse presa ali. A genialidade dos realizadores foi criar um espaço que, apesar de parecer comum, era o epítome da tortura psicológica.
Aquele papel de parede feio e monótono, a televisão como única janela para o mundo exterior – cada detalhe contribuía para a sensação de isolamento e desespero.
Não era um lugar espetacularmente bonito, mas era assustadoramente eficaz em sua simplicidade. Fico a pensar na quantidade de histórias que se poderiam desenrolar em cada um desses quatro cantos, com a personagem a lutar contra a sua própria mente.
Essa câmara de tortura mental, que ele tentou escavar sem sucesso, tornou-se o seu universo, moldando-o para a vingança que viria. O filme não nos diz exatamente onde ficava fisicamente essa sala, mas a sua atmosfera é tão palpável que quase podemos tocar o desespero dela.
Acredito que a intenção era justamente essa: que a prisão fosse mais um estado de espírito e um pesadelo arquitetónico que um local físico facilmente identificável.
Reflexos da Liberdade e Desespero nas Alturas
A primeira imagem de Oh Dae-su após a sua libertação, pendurado num telhado com um homem suicida, é icónica e perturbadora, não é? Aquele momento em que ele toca o outro homem, quase descrente na existência humana após tanto tempo isolado, é de cortar o coração.
Os telhados de Seul, com a sua arquitetura urbana densa e a névoa que por vezes os envolve, são o palco perfeito para um despertar tão chocante. Imagino o choque de Oh Dae-su ao ver a vastidão da cidade, os arranha-céus, o movimento – tudo o que lhe foi negado por tanto tempo.
A cena da libertação num telhado de Seul é um contraste brutal com a claustrofobia da sua prisão, oferecendo uma falsa sensação de liberdade antes de o mergulhar novamente numa nova rede de conspirações e violência.
A liberdade vem com o peso de um novo enigma, e o cenário urbano serve para amplificar a grandiosidade da sua busca.
A Perseguição no Coração de Seul
O Corredor da Vingança: Uma Coreografia Brutal
Quem nunca se arrepiou com a famosa cena da luta no corredor? Para mim, é um dos momentos mais memoráveis de todo o cinema! Lembro-me de prender a respiração, maravilhada com a brutalidade e a fluidez de cada movimento.
Aqueles três minutos e meio de pura adrenalina, filmados em plano-sequência, sem cortes visíveis, são um testamento à mestria do cinema coreano. O facto de ter levado três dias e dezassete tentativas para ser aperfeiçoado, sem recurso a efeitos especiais digitais (apenas a faca nas costas de Oh Dae-su foi adicionada em pós-produção), só aumenta a minha admiração.
Aquele corredor, sujo e desgastado, localizado em Hongeun 1(il)-dong, em Seul, transformou-se num palco de dor e determinação. Ver Oh Dae-su, armado apenas com um martelo, a lutar contra dezenas de homens é uma experiência visceral.
Se um dia tiverem a oportunidade de passar por um corredor assim em Seul, aposto que vão sentir um arrepio diferente, como se os ecos daquela luta ainda ressoassem pelas paredes.
É a personificação da resiliência humana, ainda que levada ao extremo da violência.
As Ruas de Busan: Pistas em Meio ao Caos Urbano
A busca de Oh Dae-su leva-o a Busan, a segunda maior cidade da Coreia do Sul, conhecida por ser um dos locais favoritos de filmagem do diretor Park Chan-wook.
A cidade portuária, com a sua energia vibrante e os seus bairros movimentados, torna-se o cenário para uma das pistas mais cruciais do filme: os *dumplings*.
Lembro-me de como ele os procurava incansavelmente, saboreando cada um, numa tentativa desesperada de encontrar a origem da sua prisão. O restaurante chinês Jang Seong Hyang, em Chinatown, Busan, é o local exato onde ele finalmente encontra a peça que faltava no puzzle da sua vingança.
Aquela cena é um lembrete de como os detalhes mais pequenos podem carregar o maior significado. Para mim, a cidade de Busan não é apenas um pano de fundo, mas um labirinto de memórias e oportunidades para Oh Dae-su desvendar o seu destino.
A atmosfera de Busan, com os seus mercados de rua e becos escondidos, adiciona uma camada de realismo e crueza à jornada do protagonista.
O Paladar da Vingança e Outros Encontros Inesperados
O Sushi Bar de Myeong-dong: Um Encontro com o Inusitado
A cena do polvo vivo é daquelas que não se esquece, não é mesmo? Confesso que, ao ver pela primeira vez, quase me engasguei! Aquela imagem de Choi Min-sik a devorar um polvo ainda a contorcer-se é chocante e, ao mesmo tempo, hipnotizante.
E o que mais me impressionou foi saber que não houve truques ou efeitos especiais; foram usados quatro polvos reais para a cena! Tudo aconteceu num modesto sushi bar em Myeong-dong, em Seul.
Myeong-dong é um dos bairros mais movimentados e turísticos de Seul, mas o filme consegue transformá-lo num local de encontro íntimo e bizarro. A Mi-do, a jovem chef de sushi que o acolhe, torna-se uma figura central na sua busca.
É um dos momentos em que o filme nos mostra a crueza da natureza humana, a fome de Oh Dae-su e a sua determinação, mesmo que isso signifique confrontar os nossos próprios limites.
Acredito que essa cena é um divisor de águas na narrativa, um ponto onde a estranheza e o desespero se cruzam de forma inesquecível.
A Escola e as Memórias Apagadas
A história de “Oldboy” é profundamente enraizada em memórias e segredos do passado, e a escola tem um papel fundamental nisso. As cenas de flashback, que nos mostram a adolescência de Oh Dae-su e o início da tragédia, foram filmadas na Songgye High School (agora 경남간호고등학교) em Chinju (Jinju), Coreia do Sul.
É neste local que se desvendam os fios que ligam o passado ao presente, onde a inocência se quebrou e os segredos foram enterrados. Imaginar aqueles corredores, agora silenciosos, como o palco de uma juventude que seria tão cruelmente distorcida, é bastante melancólico.
A escola, que para muitos é um símbolo de crescimento e aprendizagem, aqui é um lugar onde a dor e a vingança começaram a germinar. A escolha de uma escola real confere um toque de autenticidade às memórias que são tão cruciais para a trama.
A Cenografia da Conspiração

Edifícios Que Escondem Segredos Profundos
“Oldboy” é mestre em usar a arquitetura para nos contar uma história. Desde os edifícios residenciais comuns que escondem prisões privadas até aos luxuosos apartamentos que servem de palco para os seus mentores, cada construção tem um propósito.
O apartamento de Lee Woo-jin, com a sua estética fria e calculista, é um reflexo da sua própria mente distorcida. A forma como o filme explora estes espaços, muitas vezes vazios e desoladores, aumenta a sensação de desamparo e manipulação que Oh Dae-su sente.
Não se trata apenas de locais, mas de extensões das personagens, da sua psicologia e dos seus planos maquiavélicos. Sinto que o diretor Park Chan-wook tem um olhar muito apurado para a forma como os espaços afetam as emoções e a narrativa, e em “Oldboy” isso é levado ao extremo.
É quase como se os edifícios estivessem a observar Oh Dae-su, cientes dos segredos que guardam.
Onde a Vingança Encontra o Silêncio da Natureza
E chegamos ao final, àquela cena enigmática e visualmente deslumbrante na neve. É um final que nos deixa a pensar, não é? A paisagem coberta de neve, fria e isolada, é o cenário para a conclusão ambígua da jornada de Oh Dae-su.
Essas cenas foram filmadas em Mount Lyford, na Nova Zelândia. É fascinante como um filme sul-coreano consegue integrar uma paisagem tão remota e diferente para criar um impacto emocional tão forte.
A imensidão e o silêncio daquele local espelham o vazio e a incerteza que Oh Dae-su enfrenta após a sua vingança. Para mim, a escolha da Nova Zelândia para o final não foi por acaso; a beleza arrebatadora e a distância do mundo urbano sublinham a solidão derradeira do protagonista e a complexidade do seu destino.
A neve serve como uma tela branca para as suas últimas decisões, onde a beleza e o desespero se encontram.
| Localização Marcante | Significado no Filme | Impacto Sentimental (pessoal) |
|---|---|---|
| A Sala de Cativeiro (Seul) | Prisão e transformação de Oh Dae-su. | Claustrofobia e empatia pelo desespero do personagem. |
| Telhados de Seul | Libertação e o primeiro contato com o mundo exterior. | Choque, vastidão e o início de uma nova busca. |
| Corredor de Hongeun 1(il)-dong (Seul) | Cena de luta icónica e brutal em plano-sequência. | Adrenalina pura, admiração pela coreografia e resiliência. |
| Restaurante Jang Seong Hyang (Busan) | Pista crucial para identificar o captor. | A importância dos pequenos detalhes e a esperança da descoberta. |
| Sushi Bar de Myeong-dong (Seul) | Cena do polvo vivo e encontro com Mi-do. | Choque, estranheza e o início de um relacionamento complexo. |
| Songgye High School (Chinju) | Flashbacks da juventude e origem da vingança. | Melancolia, a quebra da inocência e os segredos do passado. |
| Mount Lyford (Nova Zelândia) | Final ambíguo na paisagem nevada. | Incerteza, solidão e a beleza fria de um desfecho complexo. |
A Força Visual de “Oldboy”: Para Lá dos Cenários
A Paleta de Cores e a Narrativa Visual
Para além dos locais físicos, o que sempre me fascinou em “Oldboy” é a forma como o diretor Park Chan-wook usa a cor e a composição visual para contar a história.
A paleta de cores, muitas vezes sombria e saturada, complementa perfeitamente o tom do filme. Os contrastes entre os tons escuros e as explosões ocasionais de cor, como o vermelho vivo, são utilizados de forma muito intencional para evocar emoções e sublinhar momentos cruciais.
Acredito que ele não escolhe os cenários apenas pela sua localização, mas pelo que eles podem transmitir visualmente. A textura das paredes, a iluminação – tudo é pensado para nos envolver na mente perturbada de Oh Dae-su e nos guiar através do labirinto da vingança.
É uma verdadeira aula de cinema, que mostra como cada elemento visual é uma peça fundamental no quebra-cabeça narrativo.
Detalhes que Marcam: Pequenos Cantos, Grandes Mistérios
No universo de “Oldboy”, não há nada que seja por acaso. Cada pequeno detalhe, cada canto escondido, cada objeto em cena contribui para a atmosfera de mistério e a complexidade da trama.
Pensemos nos objetos no quarto de Oh Dae-su, a sua televisão, os jornais que ele lê, as fotos que ele guarda – tudo alimenta a sua obsessão pela vingança.
Os detalhes nos cenários não são apenas estéticos; são pistas, símbolos e catalisadores da ação. É uma daquelas experiências cinematográficas em que cada vez que revemos o filme, descobrimos algo novo, um pormenor que nos escapou à primeira vista, mas que tem um significado profundo na história.
Essa atenção aos pormenores é o que faz com que o filme seja tão rico e continue a ser discutido e analisado por tantos anos. É como se o diretor nos convidasse a ser detetives juntamente com Oh Dae-su, a procurar a verdade em cada sombra.
글을 마치며
E assim chegamos ao fim da nossa jornada pelos recantos de “Oldboy”. É incrível como um filme pode deixar uma marca tão profunda, não só pela sua história intensa, mas também pela forma como cada cenário se entrelaça com a alma dos personagens. Viajar por estes locais, mesmo que apenas através das palavras e da memória, é revisitar a genialidade de Park Chan-wook e sentir um pouco da angústia e da determinação de Oh Dae-su. Eu sinto que cada vez que revejo o filme, ou falo sobre ele, descubro um novo pormenor, uma nova camada. É por isso que o cinema coreano me fascina tanto, pela sua capacidade de nos surpreender e de nos levar a lugares que nem imaginávamos, tanto geográficos quanto emocionais.
Espero, de coração, que esta viagem pelos cenários de “Oldboy” tenha sido tão envolvente para vocês quanto foi para mim. Para os verdadeiros amantes do cinema, compreender a arte por trás da tela é uma forma de nos conectarmos ainda mais com as histórias que nos marcam.
알아두면 쓸모 있는 정보
1. O Cinema Sul-Coreano em Portugal: Se “Oldboy” despertou o vosso interesse pelo cinema sul-coreano, saibam que em Portugal a oferta tem crescido muito! Procurem por festivais de cinema asiático ou secções especiais em cinemas independentes. Filmes de diretores como Bong Joon-ho (“Parasitas”) e outros de Park Chan-wook, como “Decisão de Partir”, são frequentemente exibidos e aclamados pelo público português, mostrando que a qualidade e a singularidade desta cinematografia ressoam bem por aqui.
2. Experiências Gastronómicas Coreanas: A busca de Oh Dae-su pelos *dumplings* é icónica e, se a curiosidade vos apertou, saibam que não precisam de ir à Coreia para provar as delícias da culinária coreana! Lisboa e Porto, por exemplo, contam com excelentes restaurantes coreanos autênticos, onde podem saborear desde o famoso churrasco coreano (Korean BBQ) até ao *bibimbap* e, claro, os *mandu* (dumplings coreanos). Experimentar um *soju* (bebida alcoólica coreana) também é uma experiência a não perder.
3. Explorar Seul para Cinéfilos: Se tiverem a oportunidade de visitar Seul, para além dos locais exatos de “Oldboy” (que nem todos são turísticos), há muitos outros pontos fascinantes para os amantes do cinema. Myeong-dong, onde Oh Dae-su encontra Mi-do, é um bairro vibrante para compras e comida de rua. Explorem também áreas como Hongdae ou Gangnam, famosas pela cultura pop coreana, que muitas vezes servem de inspiração ou cenário para novos filmes e séries. Seul é uma cidade que mistura tradição e modernidade, oferecendo um roteiro diversificado para qualquer viajante.
4. A Influência de “Oldboy” no Cinema Mundial: É inegável que “Oldboy” teve um impacto gigante na forma como vemos o cinema de vingança e o thriller psicológico. O filme não só catapultou Park Chan-wook para o reconhecimento internacional, como também influenciou muitos realizadores ocidentais. Recomendo pesquisar sobre a “trilogia da vingança” de Park Chan-wook (“Mr. Vingança”, “Oldboy” e “Lady Vingança”) para uma experiência completa de um mestre da narrativa.
5. Dicas de Viagem para a Coreia do Sul: Para quem sonha em ir à Coreia do Sul, é essencial planear bem! Brasileiros, por exemplo, precisam preencher o K-ETA antes de viajar. O transporte público em Seul é super eficiente, e ter um eSIM (cartão SIM virtual) é uma mão na roda para ter internet ilimitada. A melhor época para visitar pode depender do que preferem – o inverno é lindo com neve, mas o outono e a primavera são mais amenos. A cultura coreana é rica e fascinante, preparem-se para uma experiência inesquecível!
Importância dos Locais de Filmagem
Para mim, como blogger e cinéfila, revisitar os locais de filmagem de um filme tão icónico como “Oldboy” vai muito além de uma simples curiosidade. É uma forma de nos conectarmos mais profundamente com a história e com a visão do realizador. Cada rua, cada edifício, cada paisagem natural escolhida a dedo por Park Chan-wook, não é apenas um fundo, mas um elemento narrativo que respira e pulsa com as emoções dos personagens. Estes cenários tornam-se parte da nossa própria memória do filme, enriquecendo a experiência e mostrando-nos como o ambiente pode ser tão crucial quanto o guião ou a interpretação. É a prova de que, na sétima arte, cada detalhe conta e contribui para a magia que nos envolve.
Perguntas Frequentes (FAQ) 📖
P: Quais são os locais de filmagem mais icónicos de “Oldboy” na Coreia do Sul e como contribuíram para a atmosfera única do filme?
R: Ah, que pergunta excelente! Como uma cinéfila que sou, sempre prestei muita atenção a como os cenários se tornam parte da história, e em “Oldboy”, isso é levado ao extremo.
O filme é uma verdadeira masterclass em direção de arte e cinematografia, e o Park Chan-wook, o génio por trás da câmara, soube usar a Coreia do Sul de uma forma que é quase palpável.
Embora muitos pensem que o quarto de hotel onde Oh Dae-su passa 15 anos é um lugar real, na verdade, grande parte daquele ambiente claustrofóbico foi construído em estúdio, permitindo um controlo total sobre a iluminação e a sensação de confinamento.
Aquele papel de parede desgastado, os detalhes do mobiliário, tudo contribui para a sua sanidade a definhar. Mas claro, o filme também nos tira para as ruas vibrantes e caóticas de Seul, especialmente a zona de Gangnam, com os seus edifícios altos e as suas ruelas.
Lembro-me da primeira vez que vi as cenas noturnas, a forma como as luzes da cidade criam um contraste tão forte com a escuridão da alma do protagonista.
Aquele ambiente urbano moderno, mas com um toque de melancolia, é crucial para a narrativa de vingança. Outro local que me marcou foi o restaurante onde Oh Dae-su come o polvo vivo – uma cena que, confesso, ainda me faz estremecer!
Embora seja um restaurante fictício, a vibe dos restaurantes mais tradicionais coreanos, com aquele ambiente mais reservado e quase íntimo, adiciona uma camada de estranheza e autenticidade àquela sequência tão memorável.
É incrível como o filme consegue misturar o real com o construído para criar um universo tão denso e perturbador.
P: A lendária cena da luta no corredor é um marco no cinema de ação! Foi filmada num cenário real ou em estúdio? E o que a torna tão especial, na sua experiência?
R: Esta é, sem dúvida, uma das perguntas que mais me fazem sobre “Oldboy”! E com razão, aquela cena da luta no corredor é uma obra-prima de coreografia e direção que, para mim, sozinha já valeria o preço do bilhete para o Palácio do Grilo!
Pois bem, para a surpresa de muitos, aquela sequência icónica de mais de três minutos, que parece ser um plano-sequência contínuo, foi filmada, sim, num cenário construído em estúdio.
A equipa de produção recriou o corredor de forma a ter o controlo total sobre cada detalhe, desde os adereços até ao posicionamento das câmaras e dos próprios atores.
O que a torna tão especial, na minha experiência pessoal, é a crueza e a brutalidade realistas, quase viscerais. Não há cortes rápidos e frenéticos a esconder as falhas, como em muitos filmes de ação.
Vemos Oh Dae-su, com o seu martelo, a lutar com uma determinação desesperada contra dezenas de homens. A fluidez da câmara a seguir cada movimento, como uma dança macabra, deixa-nos sem fôlego.
Lembro-me de estar com os olhos arregalados, a sentir cada golpe, cada suspiro. O Park Chan-wook usou técnicas de “one-take” (ou algo que se parece com isso) para nos fazer sentir a exaustão e a dor do protagonista, e isso é genial!
Essa cena não é apenas uma luta; é uma metáfora visual para a jornada incansável de Dae-su em busca de respostas, não importando os obstáculos. Acredito que essa abordagem influenciou imensas produções que vieram depois, mostrando que a verdadeira ação está na criatividade e na imersão, não apenas nos efeitos especiais.
P: Para além dos locais de filmagem, como é que o ambiente e a cultura sul-coreana se manifestam em “Oldboy”, influenciando a narrativa e a experiência do espectador?
R: Que forma maravilhosa de aprofundar a nossa conversa sobre “Oldboy”! Para mim, um dos maiores trunfos do cinema sul-coreano é a forma como ele consegue mergulhar profundamente na sua própria cultura e, ao mesmo tempo, tocar em temas universais.
Em “Oldboy”, o ambiente e a cultura coreana são quase um personagem silencioso, mas poderosíssimo. A temática da vingança, por exemplo, é algo que, embora universal, tem um peso cultural muito específico na Coreia do Sul, onde a honra e a reparação de uma injustiça são levadas muito a sério.
O filme explora a ideia de que a vingança pode ser um ciclo destrutivo, mas também uma força motriz avassaladora, e isso é algo que, na minha interpretação, tem raízes profundas na forma como a sociedade lida com a justiça e a vergonha.
Pensemos na própria arquitetura e nos cenários urbanos de Seul – a cidade, com a sua modernidade galopante, mas também os seus recantos mais antigos e as suas densas camadas sociais, serve de pano de fundo perfeito para a história de Oh Dae-su.
A justaposição de prédios futuristas com becos escuros cria uma sensação de anonimato e isolamento que intensifica a angústia do personagem. E aquele final, passado numa paisagem nevada, para mim, sugere uma espécie de purificação ou um novo começo, mas também uma frieza que remete à irreversibilidade das ações.
A maneira como o filme tece a complexidade moral com elementos que são tão intrínsecos à cultura coreana, desde a comida (lembram-se do polvo?) até às suas paisagens, faz com que a história ressoe de uma forma muito mais profunda e autêntica.
É como se a própria Coreia do Sul respirasse através de cada frame, emprestando a “Oldboy” uma identidade inconfundível.






